Robert I Estienne, ou Robertus
Stephanus.
Eu não sou anglófilo,
germanófilo, francófilo, ou qualquer ‘ófilo’ que seja, sou lusófono.
Contudo tenho que admitir que
a França deu ao Mundo algumas figuras notáveis, pessoas que muito contribuíram
para a cultura mundial, exemplifico:
Philippe II, chamado de «
Philippe Auguste », pela graça de Deus Rei dos Francos de 18 de setembro de
1180 até 14 de julho de 1223, portanto 42 anos, 9 meses e 26 dias, através de uma
carta de 15 de janeiro de 1200 tomou a iniciativa de dar status oficial à
"comunidade" (é a invenção da palavra "universidade" no
sentido de instituição educacional) a um dos mais importantes centros de
estudos da Humanidade que é L’université de Paris, la Sorbonne.
Armand Jean du Plessis de
Richelieu, o Cardeal de Richelieu, cardinal-duc de Richelieu et duc de Fronsac,
Primeiro-ministro do Rei Luís XIII, o maior dos maiores estadistas franceses e
porque não dizer um dos grandes homens de Estado da História Mundial, que fundou
em 1634 e depois oficializou por carta-patente do Rei de 29 de janeiro de 1635
a notável L’Académie française, A Academia Francesa, que dispensa comentários.
Mais, antes do reinado de Luís
XII, um outro soberano francês encantou ao Mundo de então: François Ier, « le
Père et Restaurateur des Lettres », o "Pai e Restaurador das Letras”, au
Grande Nez, "Francisco do Nariz Grande ", o Roi-Chevalier, “o Rei-
Cavaleiro”, Francisco I da Casa de Valois do Ramo d’Orléans-Angoulême da
Dinastia dos Capetos, Rei da França de 1 de janeiro de 1515 até 31 de março de
1547, portanto reinou 32 anos, 2 meses e 30 dias.
Nesses 32 anos e picos
Francisco I fez pela literatura universal muito mais que seus antecessores
Capetos no Trono de França fizeram desde Philippe II, chamado de « Philippe
Auguste », quando esse fundou la Sorbonne.
O Rei Francisco I de França
foi um mecenas.
Esse Príncipe protegeu os
escritores, os artistas, os sábios, tipógrafos, e todos aqueles que
trabalhassem para enriquecer seu reino culturalmente.
Estando em Milão, depois de
uma batalha, vendo a situação de Leonardo da Vinci lhe fez o convite para morar
em França a fim dele poder “ estar livre para sonhar, pensar e trabalhar”.
Leonardo da Vinci foi e trouxe
na bagagem não só a Mona Lisa, a joia mais popular do Louvre, mas, também, São
João Batista, A Virgem e o Menino com Santa Ana, três de seus principais
quadros.
A Tradição conta que Leonardo
da Vinci morreu nos braços de Francisco I, e para melhor figura-la até existe o
celebre quadro denominado “Morte de Leonardo da Vinci”, de1818, de
Jean-Auguste-Dominique Ingres, que pertence a coleção do Petit Palais, o
histórico edifício que abriga o Museu das Belas Artes da Cidade de Paris (e
musée des beaux-arts de la vele de Paris), situado no 8º Arrondissements de
Paris.
Francisco I era fisicamente um
gigante, um gigante sensível que se tornou o Protetor da Letras qualificativo
que fez jus, pois incentivou a leitura organizando em 1518 “un grand « cabinet
de livres » - um grande "gabinete de livros"- ou seja, uma biblioteca, para a seguir em
1530 “ por instigação de Guillaume Budé
( humanista francês , também conhecido sob o nome latino de Budaeus, « maître
de librairie », le grand traducteur d’œuvres antiques ) fundar “le corps des «
Lecteurs Royaux », abrité dans le « Collège Royal » (ou « Collège des trois
langues », futur « Collège de France ») -T.L.: “ o corpo dos "Leitores
Reais", alojados no "Collège Royal" (ou "Colégio das três
línguas", futuro "Collège de France")”.
Essa biblioteca real só pode
ser instada onde foi porque Guillaume Budé havia conseguido de Francisco I a
fundação do « Collège Royal », hoje "Collège de France”, estabelecido o 11
de la place Marcelin-Berthelot dans le Quartier latin de Paris (5e
arrondissement), para trazer um avanço modernizador ao ensino, e para fazer
frente “ la Sorbonne alors conservatrice et sclérosée”- T.L.: Sorbonne então
conservadora e esclerótica.
Essas medidas todas tomadas
por Francisco I foram frutos do progresso da tipografia que “pressionou a
publicação de um número crescente de livros”.
E foi nesse universo que a
Família Estienne, um clã de tipógrafos franceses que prestou grande serviço à
literatura religiosa, floresceu.
No Dictionnaire de la
noblesse, dicionário genealógico,
heráldico, cronológico e histórico, contendo a origem e o estado atual das
primeiras casas da França, as casas principais e soberanas da Europa; o nome
das províncias, cidades, terras, ... erigidos em principados, ducados, marquês,
condados, viscondado e baronias; as
casas extintas que as possuíam, aquelas que, por herança, aliança ou compra ou
presente do soberano, as possuem hoje, as nobres famílias do reino e os nomes e
armas cujas genealogias não foram publicadas de François-Alexandre Aubert
de La Chenaye-Desbois, Tomo VI, da segunda edição, consta como nobres os membros da Família Estienne , originaria da Provence,” região
histórica e cultural, antiga província no sudeste da França , que se estende a
partir da margem esquerda do Rhone abaixo do oeste para o rio Var para o leste
e limitado ao sul pelo Mediterrâneo”.
Nessa nobre família destacamos
Geoffroy d’Estienne, co-seigneur de Lambesc et de Venelles, que casou com Louise
de Montolivier.
Geoffroy d’Estienne,
co-seigneur de Lambesc, deserdou ao filho Henri Estienne por esse se dedicar ao
negócio de tipografia passando a herança familiar para outro de seus filhos.
Só que o deserdado fundou um
Clã de Tipógrafos que entrou para a História da Humanidade.
Repito: A Família se tornou
tão importante como tipógrafos, no campo da impressão, que hoje existe L’École
Estienne - l’École supérieure des arts et industries graphiques (ESAIG) - Escola de Pós-Graduação em Arte, localizada 18
Auguste Blanqui Boulevard, no 13 º arrondissement de Paris.
Mais vamos ao deserdado Henri
Estienne, l’Ancien, Henricus Stephanus, aportuguesando Henri Estienne, o Velho,
que nasceu em Paris no ano de 1460 e faleceu na mesma cidade em agosto ou
setembro de 1520.
Associado a Wolfgang Hopyl,
natural de Utrecht, nos Países Baixos, imprimiu uma introdução a Ética de
Aristóteles de Jacques Lefèvre d’Etaples, que se tornou o primeiro livro por
eles impresso.
Jacques Lefèvre d’Etaples, ou
Jacobus Faber Stapulensis, um humanista francês, teólogo, filósofo, teórico da música,
musicólogo, clérigo, tradutor da Bíblia, e um precursor do movimento
protestante na França.
Em 1502, imprimiram um resumo
da Ética de Aristóteles de Josse Clichtove, ou Josse van Clichtove ou Judocus
Clichtoveus Neoportuensis, teólogo belga, que era discipulo, aluno, de Jacques
Lefèvre d’Etaples.
Imprimiram mais três outras obras
em 1503.
Henri Estienne, l’Ancien, que
quer dizer o Ancião, ou o Velho, fundou uma Tipografia-livraria em frente à
Escola de Direito, na rua Jean-de-Beauvais, no quartier de la Sorbonne du 5e
arrondissement de Paris, que imprimirá em 17 anos nada mais, nada menos, que
121 livros.
“ Henri Estienne tornou-se um
tipógrafo de renome, mas conheceu períodos difíceis do ponto de vista
financeiro, principalmente devido aos julgamentos que ele teve que realizar
contra a Cathédrale Saint-Gervais-et-Saint-Protais de Soissons”, eu desconheço
o motivo dessa pendenga judicial.
“ Seus biógrafos afirmam que
ele faleceu em 24 de julho de 1520, mas há controvérsias por causa da data do último
trabalho que ele imprimiu. ”
Ele deixou três filhos,
François, Robert et Charles - Francisco, Roberto e Carlos - todos tipógrafos.
Sua viúva, Guyonne Viart, casou-se com Simon de Colines, seu associado, que se
tornou o guardião dos filhos de Henri Estienne, l’Ancien.
Pausa para uma curiosidade:
Henri Daniel- Rops em “ A vida
diária nos tempos de Jesus” afirma que haviam 25 ofícios diferentes naquela
altura na Terra Santa, e um deles era o de “artesãos em madeiras”, ou
“cortadores”, já que não havia a palavra ‘carpinteiro’ no sentido que hoje a
usamos.
O “artesão em madeiras” era
uma figura importante tanto em Jerusalém, quanto em uma pequena vila como
Nazaré, tanto que o seu “trabalho é citado em Levítico quando se fala de vigas
usadas na construção de uma casa”.
O importante é que esses
ofícios ficavam dentro da família.
Até os aprendizes eram da
mesma família.
Raríssimos eram os aprendizes
de fora da família.
Isso para manterem uma espécie
de ‘monopólio’ da profissão.
E 1500 anos depois da
crucificação de nosso Senhor Jesus Cristo, em plena Idade Média, vemos que esse
modus operandi continuava a existir.
Vamos a Guyonne Viart que ao
casar com Henri Estienne, l’Ancien, era viúva de outro tipografo e livreiro,
Jean Higman, com descendência.
Damien Higman, filho de Guyonne
e Jean Higman, foi tipografo e livreiro até a sua morte em1531.
Damien casou com Catherine de
Sainte- Veuve, com descendência.
Nicolle, filha de Damien e
Catherine, casou com Aubin Blachet, livreiro.
Geneviève Higman, filha de Guyonne
e Jean Higman, casou com Regnault I Claudière, tipografo e livreiro, com
descendência.
O filho desse casal, Claude
Claudière, foi tipografo e livreiro em Reims e Paris, e este se casou com Anne
Cremyllier, com descendência, entre eles Guillaume I Claudière que continuou o
trabalho como tipografo e livreiro.
E os tipógrafos e livreiros se
sucederam.
Guyonne Viart casou em 1500
com Henri Estienne, l’Ancien, com descendência e o mais importante deles é o
alvo desse Apêndice.
Guyonne Viart e Henri
Estienne, l’Ancien, foram pais de outro tipografo, o mais velho de seus filhos
de nome François Estienne (*1502- +1550).
O outro filho foi Charles
Estienne (* 1504 - + 1564), médico, tipografo, escritor, conhecido como o latino
Carolus Stephanus. “ Em 1542, tornou-se médico regente da Faculdade de Medicina
de Paris e praticou medicina até 1550. Ele deve várias descobertas anatômicas
importantes”.
Charles Estienne recebeu o
título de Impressor do Rei (titre d'imprimeur du roi), em Carta Patente de 26
de fevereiro de 1552.
Em 1520, viúva pela segunda
vez Guyonne Viart se casa com Simon de Colines, librairie juré [da Universidade
de Paris, pois trabalhava exclusivamente para ela de 1520 até 1546], nascido
entre 1470 e 1480, talvez em Champagne, e falecido em 1546. “ Ao longo de sua
vida, Simon de Colines publicou mais de 700 edições separadas (quase 4% dos
livros publicados no Paris do século XVI). Colines usava tipos romanos e
itálicos elegantes e um tipo grego, com acentos, que eram superiores aos seus
predecessores. Estes são agora chamados de estilo antigo francês, um estilo que
permaneceu popular por mais de 200 anos e revivido no início do século XX”. Em 1526,
seu enteado Robert Estienne assumiu os negócios da tipografia do pai e Simon de
Colines, então, fundou a sua própria tipografia, e essa tipografia foi herdada
pelo genro de Guyonne Viart, o acima citado Regnault I Claudière casado com
Geneviève Higman.
Assim como a Rainha Vitória é
cognominada a “Avó da Europa”, Guyonne Viart podia ser chamada de a “ Avó dos
tipógrafos e livreiros da Europa ”.
Porque?
Ora, porque.
Porque os seus filhos, os
filhos de seus filhos, os filhos dos filhos dos seus filhos, também, foram
tipógrafos e livreiros não só na França, mas, também, de outras localidades
europeias como Genebra, na Suíça.
Com isso o ‘mister’ permaneceu
na nobre descendência de Guyonne Viart.
Porém, este Ramo da Família
Estienne “ durante o século XVII se extinguiu”.
Fim da curiosidade.
A segunda geração dos
tipógrafos Estienne.
Robert Estienne, Roberto
Estéfano, ou Stephanus, “ considerado um dos homens mais instruídos de seu
tempo”.
Robert Estienne nasceu em
Paris no ano de 1503, quando seu pai já tinha realizado sua primeira impressão,
o primeiro livro dos 121 livros que iria imprimir pela a vida, a Ética de
Aristóteles de Jacques Lefèvre d’Etaples.
Vemos que enquanto a
Tipografia crescia, Robert Estienne também crescia em meio aquele fascinante
burburinho, daquele matraquear até então desconhecido dos homens comuns.
Eu penso que deveria ser
fascinante, mesmo em meio àquela Paris medieval, acanhada, suja, fedida, insalubre,
que só veio a se tornar bela, La ville lumière, em tempos de Napoleão III, o
maior dos Bonaparte.
A Tipografia-livraria Estienne
era localizada no Quartier de la Sorbonne, logo a intelectualidade,
principalmente os teólogos, deveria frequenta-la, logo o jovem Robert Estienne
tinha convívio com os eruditos da época, o que deve ter contribuído e muito
para sua erudição.
Certamente ele deveria
despertar tanto admiração, quanto inveja, pelos seus dotes intelectuais.
Com a morte do pai e o
casamento da mãe com Simon de Colines, que assumiu os trabalhos da Tipografia,
o jovem Robert Estienne passou a ser associado as impressões, assim foi quando
do lançamento de uma nova edição do Novo Testamento, uma edição mais correta e
em novo formato que facilitava a leitura.
O sucesso foi tal que copias,
mais copias, foram impressas, o que desgostou os “doutores” da Sorbonne, que
não podiam fazer nada para impedir essa ‘avalanche’ de livros contendo o Novo
Testamento, lembrando que não só a Igreja Católica Apostólica Romana era
visceralmente contra a leitura dos textos sagrados pelo povo em geral, como,
também, já havia começado o movimento de teólogos reformadores e muitos deles
passaram a balizar suas opiniões usando dessa edição.
Foi um forrobodó danado.
Como eu dize acima, os
tipógrafos medievais mantinham os mesmos costumes dos artificies da época de
Jesus, e Robert Estienne casou com Mademoiselle Perrette, filha do tipografo
Josse Bade, uma moça culta, fato raro a época, tanto que foi ela que ensinou a
seus filhos a falarem o latim.
Lembrando que o latim era o
que hoje é o inglês para o Mundo, uma língua universal.
Como já foi dito acima em
1526, Robert Estienne saiu da companhia de seu padrasto e começou seus voos
solos, lembrando que “ Robert havia herdado as fontes de seu pai e as usou para
as suas primeiras impressões. A qualidade de suas impressões foi resultado do
elaborado design de suas letras, da inteligência com que as usou e do gosto em
organizá-las. A precisão de suas impressões, a boa qualidade de seu papel e as
proporções clássicas das margens de seus livros o tornaram um mestre da
impressão no século XVI”.
Em 7 de março de 1527 é
lançado o seu primeiro trabalho:
Partitions oratoires de
Cicéron, portant la date du 7 des calendes de mars 1527 – não farei tradução
livre para que o título não perca sentido.
E os trabalhos se sucedem.
“ Para livros que já estavam
em circulação, ele observou, por exemplo, todas as vantagens que sua edição
implicava: revisões ou adições ao autor, notas, melhorias, comentários de
estudiosos famosos ou a prestação de um registro ou glossário, se fosse um novo
trabalho, ele costumava adotar todos os títulos que o autor havia planejado
para um trabalho. Ele também imprimiu dedicações quando estes foram
particularmente dignos de menção e foram direcionados ao rei, por exemplo”.
Perfeccionista impõem a seus
trabalhos um rigor quase absoluto, a ponto de estabelecer um prêmio para quem
descobrisse um erro neles.
Robert Estienne pesquisou nos
“melhores e mais antigos manuscritos que existiam, em todas as bibliotecas que
existiam em Paris, em Saint-Germain-des-Pres, na Basilica de Saint-Denis, em Évreux,
em Soissons, e outras localidades, assim descobriu diversos outros manuscritos
antigos, um deles aparentemente do Século VI. ”
Em sua busca incansável “ comparou
cuidadosamente os diversos textos latinos, passagem por passagem, escolhendo
apenas a que parecia ser mais autêntica”.
Esse trabalho todo para que as
Obras que saíssem de sua Tipografia fossem as mais críveis possíveis, as mais
fidedignas possíveis, as mais corretas possíveis, em uma demonstração clara não
só de sua responsabilidade como profissional tipografo, mas, também, de sua
grande consciência histórica e teológica, e porque não afirmar de seu fervor
religioso quando elas – as Obras- eram de cunho religioso.
Mais, havia uma grande
oposição a seu trabalho principalmente por parte dos teólogos da Sorbonne, sabe
como e “ a inveja mata”.
Em 23 de setembro de 1528
surge a Bíblia em latim e” um volume adicional com glossário e índices. Seu
trabalho foi, pelo menos, verificado por teólogos aprendidos, e ao trabalhar na
Bíblia, ele estava particularmente interessado em duas coisas: por um lado, a
demanda por uma tradução absolutamente correta e original e, por outro lado,
uma extensão das explicações para tornar a Bíblia compreensível para o leitor
educado médio”.
Os da Sorbonne estrebucharam.
Voltemos ao Rei de França:
Eu escrevi em meu Blog CONVERSANDO
ALEGREMENTE SOBRE A HISTÓRIA, na conversa 160- ‘Francisco de Paula, não o
Santo, mas o Rei’ - o que segue:
Francês como língua para substituir o latim oficial do Reino.
Le moyen français - “Le moyen français é uma variante – ou variedade -
“histórica do francês que foi falado no final da Idade Média e começo do
Renascimento”.
Portanto, marca um período que a língua francesa se diferenciava das
outras línguas, faladas no território da atual França, como as Línguas de oïl
(em francês, langues d'oïl), Línguas galo-românicas originadas nos territórios
setentrionais da Gália romana, agora ocupados pela França setentrional, parte
da Bélgica e as Ilhas do Canal.
São essas línguas o l'occitan (falado na Aquitânia, Auvergne, Calábria
(Guardia Piemontese), Catalunha (Aran), Centro-Loire Valley, Languedoc-Roussillon,
Liguria, Limousin, Midi-Pyrénées, Principado do Mónaco (soberano), Piemonte (vales
occitanos), Poitou-Charentes, Provence-Alpes-Côte d’Azur, Rhône-Alpes), o
franco-provençal (falado na Savoie, Dauphiné, Lyonnais, Forez, Bresse, Bugey,
Franche-Comté, Suisse romande (except. Jura), Piemonte, Vale d’Aoste, Bourgogne
du Sud, Pouilles), o picard, (falado no norte da França, nas regiões de
Nord-Pas-de-Calais e Picardia e no oeste da Bélgica, especificamente na
província de Hainaut, sendo, repito, que a Língua Oficial do Reino de França
era o Latim.
Foi do Le moyen français que saiu o vocabulário e gramática do francês
clássico.
E Francisco incentivou essa formação.
E Robert Estienne ‘monta’ um
dicionário, Thesaurus linguae latinae, ou simplesmente Thesaurus, com
explicações em francês.
“ Contrariamente ao termo
" tesauro”, que era usado para se referir a dicionários monolíngües e enciclopédicos,
a palavra Dictionnaire foi usada pela primeira vez por Robert Estienne neste
contexto e, doravante, usada para a nomeação de dicionários bilíngues. Os
dicionários de Robert Estienne basearam-se em dicionários bilíngües nas línguas
inglesa, italiana, alemã, espanhola e flamenga. ”
Em 1538 lançar o Dictionarium
Latino- gallicum, o que sem dúvida ajudaria a implementação do francês como língua
oficial do Reino de França. ”
Dicionario Francois-Latin.
Contenant les motz & manieres de parler Francois, tournez en latim. Paris
1539, revisado 1540.
Dicionário propriorum nominum
virorum, mulierum, populorum, idolorum, urbium, fluviorum, montio,
caeterorumque locorum quae passim em libris prophanis leguntur. Paris 1541.
Dictionariolum puerorum. Paris
1542.
O primeiro livro-escola de
francês de língua francesa, Les mots francois. Paris. 1544.
Dictionarium, o primeiro
dicionário em língua geral oriunda do francês: o Dictionaire francoislatin
(contendo as palavras e os manieres de falar francois, tournez en latin), isso
aparece pela primeira vez com 9.000 palavras e em sua segunda edição em 1549
com mais de 13.000 termos.
E isso caiu no goto do Rei
Francisco.
“ Nos seus primeiros cinco
anos, Estienne publicou 98 livros. 29 livros eram publicações latinas clássicas,
incluindo, por exemplo, dez trabalhos de Cicero. As restantes 69 publicações
eram de escritores humanistas de seu tempo passado. Todas as edições são
escritas em latim, com exceção do breve ensaio La Manière de tourner les verbes.
“
“De todas as suas impressões,
composta entre 1530 e 1539, 30% eram obras latinas clássicas, 50% eram
comentários sobre estas e obras didáticas do latim do ponto de vista humanista,
bem como 20% de cópias de trabalhos anteriores. ”
“Nos 25 anos que passou em
Paris, ele produziu uma média de 18 livros por ano. ”
“A parte mais essencial de seu
trabalho para sua carreira deve ter sido a publicação e venda de seus próprios trabalhos.
”
“ Em 24 de junho de 1539,
Robert Estienne foi nomeado Imprimeur et libraire è lettres hebraiques et
latines du Roy. ”
Simon de Colines, seu
padrasto, o foi, mas Estienne nunca pertenceu aos livreiros, os libraires jurés,
jurados pelo corpo universitário da Sorbonne.
“ Em 1540, Claude Garamont, ou
Claude Garamond, (*1510 – +1561) tipógrafo , impressor, gravador de matrizes
francesas, cujo trabalho tipográfico é considerado clássico no estilo antigo francês
e inspiração para composições modernas, recebeu de Francisco I a encomenda de realizar
o desenho de tipos (design de tipo), o processo de design de tipos de letra, com caracteres gregos, que mais tarde foi
chamado Les grecs du roi (os gregos do rei), com o qual foi publicado o
trabalho Alphabetum Graecum , publicado pela impressora Robert Estienne.”
Contudo, “ desde o início da
década de 1540 seus trabalhos recebiam uma feroz censura por parte dos “
doutos” da Sorbonne” “
Em contrapartida Estienne foi
considerado uma ‘persona grata’ na Corte do Rei de França, e enquanto sua
posição se consolidava junto ao Rei, o prestigio, e por via de consequência a
popularidade, da Sorbonne diminuía.
A prova é que Francisco I
fundou o « Collège Royal », hoje "Collège de France”, para trazer um
avanço modernizador ao ensino, e para fazer frente “ la Sorbonne alors
conservatrice et sclérosée”- T.L.: Sorbonne então conservadora e esclerótica,
como está acima.
Os membros de La Pléiade, um
grupo de poetas franceses - Pierre de Ronsard, Joachim Du Bellay, Jacques
Peletier du Mans, Rémy Belleau, Antoine de Baïf, Pontus de Tyard, Etienne
Jodelle, Jean Dorat, Guillaume des Autels e Nicolas Denisot- o frequentavam.
E assim a Tipografia, ou
impressora, como queiram de Robert Estienne tornou-se “ o instrumento do Poder
Real e o canal através do qual o Rei chegava ao público”.
Maior a fama, maior o
prestigio, mas responsabilidade se tem.
E Robert Estienne “apreciava o
favor e a proteção do Rei”.
Entretanto, como sabemos “ Estienne
já havia sido atacado pela Sorbonne, quando, junto com seu padrasto, Simon de
Colines, publicou uma edição grega do Novo Testamento, mas agora a coisa se
complicava, pois, “uma lei foi aprovada na França, que proibia todas as
editoras de publicar qualquer obra nova antes de passar pela censura da
faculdade da Sorbonne em Paris “.
Era o Poder da Igreja Católica
em ação.
Para Estienne essa censura
estrita gerou a vontade de sair do Reino de França.
Mais, o Rei Francisco ainda
era vivo.
Chamo atenção que Robert
Estienne havia publicado toda a Bíblia hebraica - "um com o Comentário de
Kimchi sobre os profetas menores, em 13 volumes. Paris, 1539-43, outra em 10
volumes. 1544-46”.
Quatro edições do Novo
Testamento em grego de 1546, 1549, 1550 - Editio Regia, ou seja, uma esplêndida
obra-prima da habilidade tipográfica, é conhecida como Editio Regia. A Edição
de 1551 foi publicada em Genebra e “ contém a tradução latina de Erasmus e da
Vulgata, não é tão requintada quanto as outras três, mas, é extremamente rara.
“ Robert Estienne fez edições
da Vulgata em 1528, 1532, 1540 (um dos ornamentos de sua imprensa) e 1546. A de
1546, contendo uma nova tradução ao lado da Vulgata, foi sujeito de críticas
agudas, rudes, ferozes, verdadeiramente atemorizadoras por parte dos membros da
Sorbonne”.
“ Apesar de seu título como
Imprimeur du Roy, em 1547 Estienne teve que se submeter aos caprichos dos
“doutos’ da Sorbonne, e foi proibido de imprimir e vender suas Bíblias. ”
“Le roi est mort, vive le roi”.
Francisco I, o grande soberano
da Renascença Francesa morreu de septicemia em 31 de março de 1547 no Château
de Rambouillet, subiu ao Trono seu segundo filho Henrique, Delfim de França
após a morte de seu irmão mais velho Francisco III, Duque da Bretanha, em 1536.
Henri II não tinha a estatura
de seu pai como ‘príncipe da Renascença’, mas gosta da encenação que enaltece o
Poder Real, reuniu “poetas, arquitetos, escultores e pintores para organizar
festas efêmeras, apreciador das justas, ou Torneio, às competições de cavalaria
ou pelejas por diversão, as organiza e em uma delas acabou sendo ferido e
morto. Foi a realizada em 30 de junho de 1559 na rue Saint-Antoine, em Paris,
quando Gabriel de Montgommery, capitão de sua guarda escocesa, o feriu-o com
uma lança nos olhos. Ele morreu dez dias depois.
A única coisa boa que tenho a
dizer sobre Henri II é que ele foi casado com a Grande Catarina de Medici, ou Caterina
Maria Romula di Lorenzo de' Medici, ou seja, filha de Lorenzo II de Medici, Duque
de Urbino e Maddalena de La Tour d’Auvergne, bisneta de Lorenzo o Magnífico,
sobrinha do Papa Leão X, mãe de três soberanos da França (Francisco II, Carlos IX,
Henrique III), que teve uma influência grande e duradoura na vida política da
França.
E assim Robert Estienne perdeu
o favor do Soberano de França, e foi obrigado a fugir para Genebra.
Em Genebra publicou um
panfleto conta a Sorbonne intitulado Ad censuras theologorum parisiensium
responsio, mas sabe como é, muito barulho, mas pouca eficácia.
A “ coisa” em Paris estava tão
negra sobre o alcantilado, que a viúva de Guillaume Budé, um protegido de
Francisco I, aquele humanista francês, « maître de librairie », le grand
traducteur d’œuvres antiques) co- fundador de “le corps des « Lecteurs Royaux
», e do « Collège Royal », ou « Collège des trois langues », hoje "Collège
de France", também, foi obrigada a fugir para Genebra com seus 5 filhos.
O irmão de Perrette, Conrad
Bade (Conradus Badius), também, bateu com os costados em Genebra.
Mais, Robert Estienne viajou e
conheceu de perto as Comunidades Protestantes, conheceu a João Calvino, “ cujas
obras ele publicou desde sua mudança para Genebra”
Em 1550, Robert Estienne se
converteu a Sã Doutrina, abraçando o Calvinismo.
Em Genebra comprou uma casa
para fixar assim nela sua residência fixa e em 1556, Estienne obteve o direito
à cidadania.
A mudança da Tipografia de
Paris para Genebra foi uma epopeia, mas ele levou consigo as matrizes do Grecs
du Roy.
Observação: “O clero da França
tendo decidido reimprimir as obras dos Padres gregos, apresentou uma petição ao
Rei pedindo-lhe para reivindicar ao Senhorio de Genebra os caracteres gregos
gravados por ordem de Francisco I. Sobre este pedido veio um decreto de 27 de
março de 1619, que as referidas matrizes devem ser compradas pelo preço de
5.000 libras, pagas tanto a Senhoria de Genebra como aos herdeiros de Robert Estienne.
”
Na já citada edição de 1551 do
Novo Testamento que a divisão em versos, versículos, foi introduzida pela
primeira vez.
Em 1552, com a ajuda de seu cunhado
Conrad Badius, Estienne imprimiu uma versão francesa do Novo Testamento.
Em 1553, um Bíblia em francês,
bem como muitos dos escritos de João Calvino, incluindo a melhor edição da Institutio
Christianae Religionis, ou simplesmente as Institutas.
Em 1556, uma bela edição da
Bíblia latina com um magnifico glossário, com tradução do Antigo Testamento por
Santes Pagninus, um teólogo italiano e frade Dominicano, que “ havia dividido
os Livros do AT em versículos”.
Para Theodore Beza, Theodorus
Beza, sucessor de Calvino como Moderador da Companhia Genebra de Pastores,
imprimiu a primeira edição do Novo Testamento.
Em 7 de setembro de 1559,
Robert Estienne morreu e o seu Grande Legado foram os versículos do Novo
Testamento, que ele realizou pela primeira vez em uma edição bíblica grega e
latina em Genebra.
Esse “ O recurso de dividir o
texto bíblico em capítulos e versículos numerados permite, desde então,
encontrar imediatamente uma passagem, seja qual for a paginação adotada por uma
edição. Esta é uma ferramenta fundamental para os pesquisadores, e para que
todos possam ter uma mesma referência. ”
E assim se conta uma História.
Robert Estienne propôs
publicar novos Comentários sobre a Bíblia, e para este trabalho ele se associou
com Agostinho Marlorat, um famoso teólogo; ele até pretendia dar um dicionário
da língua grega no plano de seu Thesauru,
mas esta honra foi reservada para seu filho, Henrique II Estienne, a quem
entregou todos os materiais que ele havia coletado para esse propósito. Robert
Estienne teve vários filhos, mas os únicos que merecem destaque são Henrique
II, Robert II, Francisco II e uma filha chamada Catherine, casada com
Jacquelin, notário real em Paris.
Henri II Estienne, não teve sucesso financeiro, apesar de ter impresso
belas Obras, perseguido pelos credores acabou morrendo louco na cidade de Lyon em
1598.
Robert II Estienne, segundo filho, não acompanhou o pai, e se fez por si
mesmo. “ Em cartas patentes emitidas em 8 de outubro de 1561, Carlos IX, Rei de
França, o designou como nosso impressor ordinário nas línguas hebraica,
caldeia, grega, latina e francesa" – “ « nostre imprimeur ordinaire en
langues hebree, chaldee, grecque, latine et françoise ».
Protegido da Rainha Joana d'Albret, uma grande líder protestante, Rainha
de Navarra, Duquesa de Bourbon e de Vendôme, e outros Títulos*, mãe de Henrique
IV, o primeiro soberano de França a ostentar o Título conjunto de Rei de França
e de Navarra, acabou “no final de sua vida acabou abraçando a Religião
Reformada”. Morreu em fevereiro de 1571, ano em que aconteceu em7 de outubro a
celebre Batalha de Lepanto, uma batalha naval que teve lugar no Golfo de Patras,
na Grécia, Vitória decisiva da Liga Santa Católica Italiana e o fim da expansão
otomana pelo Mar Mediterrâneo.
François II Estienne, terceiro filho de Robert I Estienne, foi tipografo,
abraçou a Reforma Protestante. Em Genebra trabalhou de 1562 a 1582, em
companhia de François Perrin. Ele se casou com Marguerite Cave, da província da
Normandia, e tiveram vários filhos, dos quais não se tem nenhum tipo de dados.
·
Rainha de Navarra (na verdade da Baixa Navarra)
(1555-1572)
·
Princesa de Boisbelle
·
Duquesa de Albret (1555-1572)
·
Viguier d'Andorre (1555-1572), nome de um juiz
no Tribunal Superior do Principado de Andorra.
·
Condessa de Foix, Perigord , Rodez , Armagnac ,
Fézensac , Bigorre , Dreux , Gause, Perche , Isle-Jourdain, Porhoet , Pardiac e
Guines ,
·
Viscondessa de Limoges, Béarn, Tartas , Lomagne
, Maremne , Fézensaguet , Dax , Brulhois , Cressey e Auvillars , Creissels
·
Baronesa de Castelnau, Caussade e Montmiral , de
Meyrueis
·
Senhora de La Flèche , Bauge de Nerac , Sully,
de Craon , La Chapelle de Aix-d'Angilon, Prata, Clermont, de Villezon, Orval,
de Espineuil de Chateau-Meillant de Montrond, Bruyères, Dun-le-Roi ,
Saint-Gondom, Corberin, Chalucet, Sainte-Hermine, Prahec, Lussac, Champagne,
Blois e Chisay.
·
Por seu casamento com Antoine de Bourbon,
premier prince de sang , primeiro
príncipe de sangue, na França:
·
Duquesa de Bourbon
·
Duquesa de Vendome (1550-1562)
·
Duquesa de Beaumont (1550-1562)
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