segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Sob os Benefícios de Cristo Crucificado - Apêndice V

Robert I Estienne, ou Robertus Stephanus.

Eu não sou anglófilo, germanófilo, francófilo, ou qualquer ‘ófilo’ que seja, sou lusófono.
Contudo tenho que admitir que a França deu ao Mundo algumas figuras notáveis, pessoas que muito contribuíram para a cultura mundial, exemplifico:
Philippe II, chamado de « Philippe Auguste », pela graça de Deus Rei dos Francos de 18 de setembro de 1180 até 14 de julho de 1223, portanto 42 anos, 9 meses e 26 dias, através de uma carta de 15 de janeiro de 1200 tomou a iniciativa de dar status oficial à "comunidade" (é a invenção da palavra "universidade" no sentido de instituição educacional) a um dos mais importantes centros de estudos da Humanidade que é L’université de Paris, la Sorbonne.
Armand Jean du Plessis de Richelieu, o Cardeal de Richelieu, cardinal-duc de Richelieu et duc de Fronsac, Primeiro-ministro do Rei Luís XIII, o maior dos maiores estadistas franceses e porque não dizer um dos grandes homens de Estado da História Mundial, que fundou em 1634 e depois oficializou por carta-patente do Rei de 29 de janeiro de 1635 a notável L’Académie française, A Academia Francesa, que dispensa comentários.
Mais, antes do reinado de Luís XII, um outro soberano francês encantou ao Mundo de então: François Ier, « le Père et Restaurateur des Lettres », o "Pai e Restaurador das Letras”, au Grande Nez, "Francisco do Nariz Grande ", o Roi-Chevalier, “o Rei- Cavaleiro”, Francisco I da Casa de Valois do Ramo d’Orléans-Angoulême da Dinastia dos Capetos, Rei da França de 1 de janeiro de 1515 até 31 de março de 1547, portanto reinou 32 anos, 2 meses e 30 dias.
Nesses 32 anos e picos Francisco I fez pela literatura universal muito mais que seus antecessores Capetos no Trono de França fizeram desde Philippe II, chamado de « Philippe Auguste », quando esse fundou la Sorbonne.
O Rei Francisco I de França foi um mecenas.
Esse Príncipe protegeu os escritores, os artistas, os sábios, tipógrafos, e todos aqueles que trabalhassem para enriquecer seu reino culturalmente.
Estando em Milão, depois de uma batalha, vendo a situação de Leonardo da Vinci lhe fez o convite para morar em França a fim dele poder “ estar livre para sonhar, pensar e trabalhar”.
Leonardo da Vinci foi e trouxe na bagagem não só a Mona Lisa, a joia mais popular do Louvre, mas, também, São João Batista, A Virgem e o Menino com Santa Ana, três de seus principais quadros.
A Tradição conta que Leonardo da Vinci morreu nos braços de Francisco I, e para melhor figura-la até existe o celebre quadro denominado “Morte de Leonardo da Vinci”, de1818, de Jean-Auguste-Dominique Ingres, que pertence a coleção do Petit Palais, o histórico edifício que abriga o Museu das Belas Artes da Cidade de Paris (e musée des beaux-arts de la vele de Paris), situado no 8º Arrondissements de Paris.
Francisco I era fisicamente um gigante, um gigante sensível que se tornou o Protetor da Letras qualificativo que fez jus, pois incentivou a leitura organizando em 1518 “un grand « cabinet de livres » - um grande "gabinete de livros"-  ou seja, uma biblioteca, para a seguir em 1530 “ por  instigação de Guillaume Budé ( humanista francês , também conhecido sob o nome latino de Budaeus, « maître de librairie », le grand traducteur d’œuvres antiques ) fundar “le corps des « Lecteurs Royaux », abrité dans le « Collège Royal » (ou « Collège des trois langues », futur « Collège de France ») -T.L.: “ o corpo dos "Leitores Reais", alojados no "Collège Royal" (ou "Colégio das três línguas", futuro "Collège de France")”.
Essa biblioteca real só pode ser instada onde foi porque Guillaume Budé havia conseguido de Francisco I a fundação do « Collège Royal », hoje "Collège de France”, estabelecido o 11 de la place Marcelin-Berthelot dans le Quartier latin de Paris (5e arrondissement), para trazer um avanço modernizador ao ensino, e para fazer frente “ la Sorbonne alors conservatrice et sclérosée”- T.L.: Sorbonne então conservadora e esclerótica.
Essas medidas todas tomadas por Francisco I foram frutos do progresso da tipografia que “pressionou a publicação de um número crescente de livros”.
E foi nesse universo que a Família Estienne, um clã de tipógrafos franceses que prestou grande serviço à literatura religiosa, floresceu.
No Dictionnaire de la noblesse, dicionário genealógico, heráldico, cronológico e histórico, contendo a origem e o estado atual das primeiras casas da França, as casas principais e soberanas da Europa; o nome das províncias, cidades, terras, ... erigidos em principados, ducados, marquês, condados, viscondado  e baronias; as casas extintas que as possuíam, aquelas que, por herança, aliança ou compra ou presente do soberano, as possuem hoje, as nobres famílias do reino e os nomes e armas cujas genealogias não foram publicadas de François-Alexandre Aubert de La Chenaye-Desbois, Tomo VI, da segunda edição, consta  como nobres os membros da  Família Estienne , originaria da Provence,” região histórica e cultural, antiga província no sudeste da França , que se estende a partir da margem esquerda do Rhone abaixo do oeste para o rio Var para o leste e limitado ao sul pelo Mediterrâneo”.
Nessa nobre família destacamos Geoffroy d’Estienne, co-seigneur de Lambesc et de Venelles, que casou com Louise de Montolivier.
Geoffroy d’Estienne, co-seigneur de Lambesc, deserdou ao filho Henri Estienne por esse se dedicar ao negócio de tipografia passando a herança familiar para outro de seus filhos.
Só que o deserdado fundou um Clã de Tipógrafos que entrou para a História da Humanidade. 
Repito: A Família se tornou tão importante como tipógrafos, no campo da impressão, que hoje existe L’École Estienne - l’École supérieure des arts et industries graphiques (ESAIG) -   Escola de Pós-Graduação em Arte, localizada 18 Auguste Blanqui Boulevard, no 13 º arrondissement de Paris.
Mais vamos ao deserdado Henri Estienne, l’Ancien, Henricus Stephanus, aportuguesando Henri Estienne, o Velho, que nasceu em Paris no ano de 1460 e faleceu na mesma cidade em agosto ou setembro de 1520.
Associado a Wolfgang Hopyl, natural de Utrecht, nos Países Baixos, imprimiu uma introdução a Ética de Aristóteles de Jacques Lefèvre d’Etaples, que se tornou o primeiro livro por eles impresso.
Jacques Lefèvre d’Etaples, ou Jacobus Faber Stapulensis, um humanista francês, teólogo, filósofo, teórico da música, musicólogo, clérigo, tradutor da Bíblia, e um precursor do movimento protestante na França.
Em 1502, imprimiram um resumo da Ética de Aristóteles de Josse Clichtove, ou Josse van Clichtove ou Judocus Clichtoveus Neoportuensis, teólogo belga, que era discipulo, aluno, de Jacques Lefèvre d’Etaples.
Imprimiram mais três outras obras em 1503.
Henri Estienne, l’Ancien, que quer dizer o Ancião, ou o Velho, fundou uma Tipografia-livraria em frente à Escola de Direito, na rua Jean-de-Beauvais, no quartier de la Sorbonne du 5e arrondissement de Paris, que imprimirá em 17 anos nada mais, nada menos, que 121 livros.
“ Henri Estienne tornou-se um tipógrafo de renome, mas conheceu períodos difíceis do ponto de vista financeiro, principalmente devido aos julgamentos que ele teve que realizar contra a Cathédrale Saint-Gervais-et-Saint-Protais de Soissons”, eu desconheço o motivo dessa pendenga judicial.
“ Seus biógrafos afirmam que ele faleceu em 24 de julho de 1520, mas há controvérsias por causa da data do último trabalho que ele imprimiu. ”
Ele deixou três filhos, François, Robert et Charles - Francisco, Roberto e Carlos - todos tipógrafos. Sua viúva, Guyonne Viart, casou-se com Simon de Colines, seu associado, que se tornou o guardião dos filhos de Henri Estienne, l’Ancien.
Pausa para uma curiosidade:
Henri Daniel- Rops em “ A vida diária nos tempos de Jesus” afirma que haviam 25 ofícios diferentes naquela altura na Terra Santa, e um deles era o de “artesãos em madeiras”, ou “cortadores”, já que não havia a palavra ‘carpinteiro’ no sentido que hoje a usamos.
O “artesão em madeiras” era uma figura importante tanto em Jerusalém, quanto em uma pequena vila como Nazaré, tanto que o seu “trabalho é citado em Levítico quando se fala de vigas usadas na construção de uma casa”.
O importante é que esses ofícios ficavam dentro da família.
Até os aprendizes eram da mesma família.
Raríssimos eram os aprendizes de fora da família.
Isso para manterem uma espécie de ‘monopólio’ da profissão.
E 1500 anos depois da crucificação de nosso Senhor Jesus Cristo, em plena Idade Média, vemos que esse modus operandi continuava a existir.
Vamos a Guyonne Viart que ao casar com Henri Estienne, l’Ancien, era viúva de outro tipografo e livreiro, Jean Higman, com descendência.
Damien Higman, filho de Guyonne e Jean Higman, foi tipografo e livreiro até a sua morte em1531.
Damien casou com Catherine de Sainte- Veuve, com descendência.
Nicolle, filha de Damien e Catherine, casou com Aubin Blachet, livreiro.
Geneviève Higman, filha de Guyonne e Jean Higman, casou com Regnault I Claudière, tipografo e livreiro, com descendência.
O filho desse casal, Claude Claudière, foi tipografo e livreiro em Reims e Paris, e este se casou com Anne Cremyllier, com descendência, entre eles Guillaume I Claudière que continuou o trabalho como tipografo e livreiro.
E os tipógrafos e livreiros se sucederam.
Guyonne Viart casou em 1500 com Henri Estienne, l’Ancien, com descendência e o mais importante deles é o alvo desse Apêndice.
Guyonne Viart e Henri Estienne, l’Ancien, foram pais de outro tipografo, o mais velho de seus filhos de nome François Estienne (*1502- +1550).
O outro filho foi Charles Estienne (* 1504 - + 1564), médico, tipografo, escritor, conhecido como o latino Carolus Stephanus. “ Em 1542, tornou-se médico regente da Faculdade de Medicina de Paris e praticou medicina até 1550. Ele deve várias descobertas anatômicas importantes”.
Charles Estienne recebeu o título de Impressor do Rei (titre d'imprimeur du roi), em Carta Patente de 26 de fevereiro de 1552.
Em 1520, viúva pela segunda vez Guyonne Viart se casa com Simon de Colines, librairie juré [da Universidade de Paris, pois trabalhava exclusivamente para ela de 1520 até 1546], nascido entre 1470 e 1480, talvez em Champagne, e falecido em 1546. “ Ao longo de sua vida, Simon de Colines publicou mais de 700 edições separadas (quase 4% dos livros publicados no Paris do século XVI). Colines usava tipos romanos e itálicos elegantes e um tipo grego, com acentos, que eram superiores aos seus predecessores. Estes são agora chamados de estilo antigo francês, um estilo que permaneceu popular por mais de 200 anos e revivido no início do século XX”. Em 1526, seu enteado Robert Estienne assumiu os negócios da tipografia do pai e Simon de Colines, então, fundou a sua própria tipografia, e essa tipografia foi herdada pelo genro de Guyonne Viart, o acima citado Regnault I Claudière casado com Geneviève Higman.
Assim como a Rainha Vitória é cognominada a “Avó da Europa”, Guyonne Viart podia ser chamada de a “ Avó dos tipógrafos e livreiros da Europa ”.
Porque?
Ora, porque.
Porque os seus filhos, os filhos de seus filhos, os filhos dos filhos dos seus filhos, também, foram tipógrafos e livreiros não só na França, mas, também, de outras localidades europeias como Genebra, na Suíça.
Com isso o ‘mister’ permaneceu na nobre descendência de Guyonne Viart.
Porém, este Ramo da Família Estienne “ durante o século XVII se extinguiu”.
Fim da curiosidade.
A segunda geração dos tipógrafos Estienne.
Robert Estienne, Roberto Estéfano, ou Stephanus, “ considerado um dos homens mais instruídos de seu tempo”.
Robert Estienne nasceu em Paris no ano de 1503, quando seu pai já tinha realizado sua primeira impressão, o primeiro livro dos 121 livros que iria imprimir pela a vida, a Ética de Aristóteles de Jacques Lefèvre d’Etaples.
Vemos que enquanto a Tipografia crescia, Robert Estienne também crescia em meio aquele fascinante burburinho, daquele matraquear até então desconhecido dos homens comuns.  
Eu penso que deveria ser fascinante, mesmo em meio àquela Paris medieval, acanhada, suja, fedida, insalubre, que só veio a se tornar bela, La ville lumière, em tempos de Napoleão III, o maior dos Bonaparte.
A Tipografia-livraria Estienne era localizada no Quartier de la Sorbonne, logo a intelectualidade, principalmente os teólogos, deveria frequenta-la, logo o jovem Robert Estienne tinha convívio com os eruditos da época, o que deve ter contribuído e muito para sua erudição. 
Certamente ele deveria despertar tanto admiração, quanto inveja, pelos seus dotes intelectuais.
Com a morte do pai e o casamento da mãe com Simon de Colines, que assumiu os trabalhos da Tipografia, o jovem Robert Estienne passou a ser associado as impressões, assim foi quando do lançamento de uma nova edição do Novo Testamento, uma edição mais correta e em novo formato que facilitava a leitura.
O sucesso foi tal que copias, mais copias, foram impressas, o que desgostou os “doutores” da Sorbonne, que não podiam fazer nada para impedir essa ‘avalanche’ de livros contendo o Novo Testamento, lembrando que não só a Igreja Católica Apostólica Romana era visceralmente contra a leitura dos textos sagrados pelo povo em geral, como, também, já havia começado o movimento de teólogos reformadores e muitos deles passaram a balizar suas opiniões usando dessa edição.
Foi um forrobodó danado.
Como eu dize acima, os tipógrafos medievais mantinham os mesmos costumes dos artificies da época de Jesus, e Robert Estienne casou com Mademoiselle Perrette, filha do tipografo Josse Bade, uma moça culta, fato raro a época, tanto que foi ela que ensinou a seus filhos a falarem o latim. 
Lembrando que o latim era o que hoje é o inglês para o Mundo, uma língua universal.
Como já foi dito acima em 1526, Robert Estienne saiu da companhia de seu padrasto e começou seus voos solos, lembrando que “ Robert havia herdado as fontes de seu pai e as usou para as suas primeiras impressões. A qualidade de suas impressões foi resultado do elaborado design de suas letras, da inteligência com que as usou e do gosto em organizá-las. A precisão de suas impressões, a boa qualidade de seu papel e as proporções clássicas das margens de seus livros o tornaram um mestre da impressão no século XVI”.
Em 7 de março de 1527 é lançado o seu primeiro trabalho:
Partitions oratoires de Cicéron, portant la date du 7 des calendes de mars 1527 – não farei tradução livre para que o título não perca sentido.
E os trabalhos se sucedem.
“ Para livros que já estavam em circulação, ele observou, por exemplo, todas as vantagens que sua edição implicava: revisões ou adições ao autor, notas, melhorias, comentários de estudiosos famosos ou a prestação de um registro ou glossário, se fosse um novo trabalho, ele costumava adotar todos os títulos que o autor havia planejado para um trabalho. Ele também imprimiu dedicações quando estes foram particularmente dignos de menção e foram direcionados ao rei, por exemplo”.
Perfeccionista impõem a seus trabalhos um rigor quase absoluto, a ponto de estabelecer um prêmio para quem descobrisse um erro neles.  
Robert Estienne pesquisou nos “melhores e mais antigos manuscritos que existiam, em todas as bibliotecas que existiam em Paris, em Saint-Germain-des-Pres, na Basilica de Saint-Denis, em Évreux, em Soissons, e outras localidades, assim descobriu diversos outros manuscritos antigos, um deles aparentemente do Século VI. ”
Em sua busca incansável “ comparou cuidadosamente os diversos textos latinos, passagem por passagem, escolhendo apenas a que parecia ser mais autêntica”.
Esse trabalho todo para que as Obras que saíssem de sua Tipografia fossem as mais críveis possíveis, as mais fidedignas possíveis, as mais corretas possíveis, em uma demonstração clara não só de sua responsabilidade como profissional tipografo, mas, também, de sua grande consciência histórica e teológica, e porque não afirmar de seu fervor religioso quando elas – as Obras- eram de cunho religioso.
Mais, havia uma grande oposição a seu trabalho principalmente por parte dos teólogos da Sorbonne, sabe como e “ a inveja mata”.
Em 23 de setembro de 1528 surge a Bíblia em latim e” um volume adicional com glossário e índices. Seu trabalho foi, pelo menos, verificado por teólogos aprendidos, e ao trabalhar na Bíblia, ele estava particularmente interessado em duas coisas: por um lado, a demanda por uma tradução absolutamente correta e original e, por outro lado, uma extensão das explicações para tornar a Bíblia compreensível para o leitor educado médio”.
Os da Sorbonne estrebucharam.
Voltemos ao Rei de França:
Eu escrevi em meu Blog CONVERSANDO ALEGREMENTE SOBRE A HISTÓRIA, na conversa 160- ‘Francisco de Paula, não o Santo, mas o Rei’ - o que segue:
Francês como língua para substituir o latim oficial do Reino.
Le moyen français - “Le moyen français é uma variante – ou variedade - “histórica do francês que foi falado no final da Idade Média e começo do Renascimento”.
Portanto, marca um período que a língua francesa se diferenciava das outras línguas, faladas no território da atual França, como as Línguas de oïl (em francês, langues d'oïl), Línguas galo-românicas originadas nos territórios setentrionais da Gália romana, agora ocupados pela França setentrional, parte da Bélgica e as Ilhas do Canal.
São essas línguas o l'occitan (falado na Aquitânia, Auvergne, Calábria (Guardia Piemontese), Catalunha (Aran), Centro-Loire Valley, Languedoc-Roussillon, Liguria, Limousin, Midi-Pyrénées, Principado do Mónaco (soberano), Piemonte (vales occitanos), Poitou-Charentes, Provence-Alpes-Côte d’Azur, Rhône-Alpes), o franco-provençal (falado na Savoie, Dauphiné, Lyonnais, Forez, Bresse, Bugey, Franche-Comté, Suisse romande (except. Jura), Piemonte, Vale d’Aoste, Bourgogne du Sud, Pouilles), o picard, (falado no norte da França, nas regiões de Nord-Pas-de-Calais e Picardia e no oeste da Bélgica, especificamente na província de Hainaut, sendo, repito, que a Língua Oficial do Reino de França era o Latim. 
Foi do Le moyen français que saiu o vocabulário e gramática do francês clássico.
E Francisco incentivou essa formação.
E Robert Estienne ‘monta’ um dicionário, Thesaurus linguae latinae, ou simplesmente Thesaurus, com explicações em francês.
“ Contrariamente ao termo " tesauro”, que era usado para se referir a dicionários monolíngües e enciclopédicos, a palavra Dictionnaire foi usada pela primeira vez por Robert Estienne neste contexto e, doravante, usada para a nomeação de dicionários bilíngues. Os dicionários de Robert Estienne basearam-se em dicionários bilíngües nas línguas inglesa, italiana, alemã, espanhola e flamenga. ”
Em 1538 lançar o Dictionarium Latino- gallicum, o que sem dúvida ajudaria a implementação do francês como língua oficial do Reino de França. ”
Dicionario Francois-Latin. Contenant les motz & manieres de parler Francois, tournez en latim. Paris 1539, revisado 1540.
Dicionário propriorum nominum virorum, mulierum, populorum, idolorum, urbium, fluviorum, montio, caeterorumque locorum quae passim em libris prophanis leguntur. Paris 1541.
Dictionariolum puerorum. Paris 1542.
O primeiro livro-escola de francês de língua francesa, Les mots francois. Paris. 1544.
Dictionarium, o primeiro dicionário em língua geral oriunda do francês: o Dictionaire francoislatin (contendo as palavras e os manieres de falar francois, tournez en latin), isso aparece pela primeira vez com 9.000 palavras e em sua segunda edição em 1549 com mais de 13.000 termos.
E isso caiu no goto do Rei Francisco.
“ Nos seus primeiros cinco anos, Estienne publicou 98 livros. 29 livros eram publicações latinas clássicas, incluindo, por exemplo, dez trabalhos de Cicero. As restantes 69 publicações eram de escritores humanistas de seu tempo passado. Todas as edições são escritas em latim, com exceção do breve ensaio La Manière de tourner les verbes. “
“De todas as suas impressões, composta entre 1530 e 1539, 30% eram obras latinas clássicas, 50% eram comentários sobre estas e obras didáticas do latim do ponto de vista humanista, bem como 20% de cópias de trabalhos anteriores. ”
“Nos 25 anos que passou em Paris, ele produziu uma média de 18 livros por ano. ”
“A parte mais essencial de seu trabalho para sua carreira deve ter sido a publicação e venda de seus próprios trabalhos. ”
“ Em 24 de junho de 1539, Robert Estienne foi nomeado Imprimeur et libraire è lettres hebraiques et latines du Roy. ”
Simon de Colines, seu padrasto, o foi, mas Estienne nunca pertenceu aos livreiros, os libraires jurés, jurados pelo corpo universitário da Sorbonne.
“ Em 1540, Claude Garamont, ou Claude Garamond, (*1510 – +1561) tipógrafo , impressor, gravador de matrizes francesas, cujo trabalho tipográfico é considerado clássico no estilo antigo francês e inspiração para composições modernas, recebeu de Francisco I a encomenda de realizar o desenho de tipos (design de tipo), o processo de design de tipos de letra,  com caracteres gregos, que mais tarde foi chamado Les grecs du roi (os gregos do rei), com o qual foi publicado o trabalho Alphabetum Graecum , publicado pela impressora Robert Estienne.”
Contudo, “ desde o início da década de 1540 seus trabalhos recebiam uma feroz censura por parte dos “ doutos” da Sorbonne” “
Em contrapartida Estienne foi considerado uma ‘persona grata’ na Corte do Rei de França, e enquanto sua posição se consolidava junto ao Rei, o prestigio, e por via de consequência a popularidade, da Sorbonne diminuía.
A prova é que Francisco I fundou o « Collège Royal », hoje "Collège de France”, para trazer um avanço modernizador ao ensino, e para fazer frente “ la Sorbonne alors conservatrice et sclérosée”- T.L.: Sorbonne então conservadora e esclerótica, como está acima.
Os membros de La Pléiade, um grupo de poetas franceses - Pierre de Ronsard, Joachim Du Bellay, Jacques Peletier du Mans, Rémy Belleau, Antoine de Baïf, Pontus de Tyard, Etienne Jodelle, Jean Dorat, Guillaume des Autels e Nicolas Denisot- o frequentavam.
E assim a Tipografia, ou impressora, como queiram de Robert Estienne tornou-se “ o instrumento do Poder Real e o canal através do qual o Rei chegava ao público”.
Maior a fama, maior o prestigio, mas responsabilidade se tem.
E Robert Estienne “apreciava o favor e a proteção do Rei”.
Entretanto, como sabemos “ Estienne já havia sido atacado pela Sorbonne, quando, junto com seu padrasto, Simon de Colines, publicou uma edição grega do Novo Testamento, mas agora a coisa se complicava, pois, “uma lei foi aprovada na França, que proibia todas as editoras de publicar qualquer obra nova antes de passar pela censura da faculdade da Sorbonne em Paris “.
Era o Poder da Igreja Católica em ação.
Para Estienne essa censura estrita gerou a vontade de sair do Reino de França.
Mais, o Rei Francisco ainda era vivo.
Chamo atenção que Robert Estienne havia publicado toda a Bíblia hebraica - "um com o Comentário de Kimchi sobre os profetas menores, em 13 volumes. Paris, 1539-43, outra em 10 volumes. 1544-46”.
Quatro edições do Novo Testamento em grego de 1546, 1549, 1550 - Editio Regia, ou seja, uma esplêndida obra-prima da habilidade tipográfica, é conhecida como Editio Regia. A Edição de 1551 foi publicada em Genebra e “ contém a tradução latina de Erasmus e da Vulgata, não é tão requintada quanto as outras três, mas, é extremamente rara.
“ Robert Estienne fez edições da Vulgata em 1528, 1532, 1540 (um dos ornamentos de sua imprensa) e 1546. A de 1546, contendo uma nova tradução ao lado da Vulgata, foi sujeito de críticas agudas, rudes, ferozes, verdadeiramente atemorizadoras por parte dos membros da Sorbonne”.
“ Apesar de seu título como Imprimeur du Roy, em 1547 Estienne teve que se submeter aos caprichos dos “doutos’ da Sorbonne, e foi proibido de imprimir e vender suas Bíblias. ”
“Le roi est mort, vive le roi”.
Francisco I, o grande soberano da Renascença Francesa morreu de septicemia em 31 de março de 1547 no Château de Rambouillet, subiu ao Trono seu segundo filho Henrique, Delfim de França após a morte de seu irmão mais velho Francisco III, Duque da Bretanha, em 1536.
Henri II não tinha a estatura de seu pai como ‘príncipe da Renascença’, mas gosta da encenação que enaltece o Poder Real, reuniu “poetas, arquitetos, escultores e pintores para organizar festas efêmeras, apreciador das justas, ou Torneio, às competições de cavalaria ou pelejas por diversão, as organiza e em uma delas acabou sendo ferido e morto. Foi a realizada em 30 de junho de 1559 na rue Saint-Antoine, em Paris, quando Gabriel de Montgommery, capitão de sua guarda escocesa, o feriu-o com uma lança nos olhos. Ele morreu dez dias depois.
A única coisa boa que tenho a dizer sobre Henri II é que ele foi casado com a Grande Catarina de Medici, ou Caterina Maria Romula di Lorenzo de' Medici, ou seja, filha de Lorenzo II de Medici, Duque de Urbino e Maddalena de La Tour d’Auvergne, bisneta de Lorenzo o Magnífico, sobrinha do Papa Leão X, mãe de três soberanos da França (Francisco II, Carlos IX, Henrique III), que teve uma influência grande e duradoura na vida política da França.
E assim Robert Estienne perdeu o favor do Soberano de França, e foi obrigado a fugir para Genebra.
Em Genebra publicou um panfleto conta a Sorbonne intitulado Ad censuras theologorum parisiensium responsio, mas sabe como é, muito barulho, mas pouca eficácia.
A “ coisa” em Paris estava tão negra sobre o alcantilado, que a viúva de Guillaume Budé, um protegido de Francisco I, aquele humanista francês, « maître de librairie », le grand traducteur d’œuvres antiques) co- fundador de “le corps des « Lecteurs Royaux », e do « Collège Royal », ou « Collège des trois langues », hoje "Collège de France", também, foi obrigada a fugir para Genebra com seus 5 filhos.
O irmão de Perrette, Conrad Bade (Conradus Badius), também, bateu com os costados em Genebra. 
Mais, Robert Estienne viajou e conheceu de perto as Comunidades Protestantes, conheceu a João Calvino, “ cujas obras ele publicou desde sua mudança para Genebra”
Em 1550, Robert Estienne se converteu a Sã Doutrina, abraçando o Calvinismo.
Em Genebra comprou uma casa para fixar assim nela sua residência fixa e em 1556, Estienne obteve o direito à cidadania.
A mudança da Tipografia de Paris para Genebra foi uma epopeia, mas ele levou consigo as matrizes do Grecs du Roy.
Observação: “O clero da França tendo decidido reimprimir as obras dos Padres gregos, apresentou uma petição ao Rei pedindo-lhe para reivindicar ao Senhorio de Genebra os caracteres gregos gravados por ordem de Francisco I. Sobre este pedido veio um decreto de 27 de março de 1619, que as referidas matrizes devem ser compradas pelo preço de 5.000 libras, pagas tanto a Senhoria de Genebra como aos herdeiros de Robert Estienne. ”
Na já citada edição de 1551 do Novo Testamento que a divisão em versos, versículos, foi introduzida pela primeira vez.
Em 1552, com a ajuda de seu cunhado Conrad Badius, Estienne imprimiu uma versão francesa do Novo Testamento.
Em 1553, um Bíblia em francês, bem como muitos dos escritos de João Calvino, incluindo a melhor edição da Institutio Christianae Religionis, ou simplesmente as Institutas.
Em 1556, uma bela edição da Bíblia latina com um magnifico glossário, com tradução do Antigo Testamento por Santes Pagninus, um teólogo italiano e frade Dominicano, que “ havia dividido os Livros do AT em versículos”.
Para Theodore Beza, Theodorus Beza, sucessor de Calvino como Moderador da Companhia Genebra de Pastores, imprimiu a primeira edição do Novo Testamento.
Em 7 de setembro de 1559, Robert Estienne morreu e o seu Grande Legado foram os versículos do Novo Testamento, que ele realizou pela primeira vez em uma edição bíblica grega e latina em Genebra.
Esse “ O recurso de dividir o texto bíblico em capítulos e versículos numerados permite, desde então, encontrar imediatamente uma passagem, seja qual for a paginação adotada por uma edição. Esta é uma ferramenta fundamental para os pesquisadores, e para que todos possam ter uma mesma referência. ”
E assim se conta uma História.
 Adendo: 
Robert Estienne propôs publicar novos Comentários sobre a Bíblia, e para este trabalho ele se associou com Agostinho Marlorat, um famoso teólogo; ele até pretendia dar um dicionário da língua grega no plano de seu Thesauru, mas esta honra foi reservada para seu filho, Henrique II Estienne, a quem entregou todos os materiais que ele havia coletado para esse propósito. Robert Estienne teve vários filhos, mas os únicos que merecem destaque são Henrique II, Robert II, Francisco II e uma filha chamada Catherine, casada com Jacquelin, notário real em Paris.
Henri II Estienne, não teve sucesso financeiro, apesar de ter impresso belas Obras, perseguido pelos credores acabou morrendo louco na cidade de Lyon em 1598.
Robert II Estienne, segundo filho, não acompanhou o pai, e se fez por si mesmo. “ Em cartas patentes emitidas em 8 de outubro de 1561, Carlos IX, Rei de França, o designou como nosso impressor ordinário nas línguas hebraica, caldeia, grega, latina e francesa" – “ « nostre imprimeur ordinaire en langues hebree, chaldee, grecque, latine et françoise ».
Protegido da Rainha Joana d'Albret, uma grande líder protestante, Rainha de Navarra, Duquesa de Bourbon e de Vendôme, e outros Títulos*, mãe de Henrique IV, o primeiro soberano de França a ostentar o Título conjunto de Rei de França e de Navarra, acabou “no final de sua vida acabou abraçando a Religião Reformada”. Morreu em fevereiro de 1571, ano em que aconteceu em7 de outubro a celebre Batalha de Lepanto, uma batalha naval que teve lugar no Golfo de Patras, na Grécia, Vitória decisiva da Liga Santa Católica Italiana e o fim da expansão otomana pelo Mar Mediterrâneo.
François II Estienne, terceiro filho de Robert I Estienne, foi tipografo, abraçou a Reforma Protestante. Em Genebra trabalhou de 1562 a 1582, em companhia de François Perrin. Ele se casou com Marguerite Cave, da província da Normandia, e tiveram vários filhos, dos quais não se tem nenhum tipo de dados.

·         Rainha de Navarra (na verdade da Baixa Navarra) (1555-1572)
·         Princesa de Boisbelle
·         Duquesa de Albret (1555-1572)
·         Viguier d'Andorre (1555-1572), nome de um juiz no Tribunal Superior do Principado de Andorra.
·         Condessa de Foix, Perigord , Rodez , Armagnac , Fézensac , Bigorre , Dreux , Gause, Perche , Isle-Jourdain, Porhoet , Pardiac e Guines ,
·         Viscondessa de Limoges, Béarn, Tartas , Lomagne , Maremne , Fézensaguet , Dax , Brulhois , Cressey e Auvillars , Creissels
·         Baronesa de Castelnau, Caussade e Montmiral , de Meyrueis
·         Senhora de La Flèche , Bauge de Nerac , Sully, de Craon , La Chapelle de Aix-d'Angilon, Prata, Clermont, de Villezon, Orval, de Espineuil de Chateau-Meillant de Montrond, Bruyères, Dun-le-Roi , Saint-Gondom, Corberin, Chalucet, Sainte-Hermine, Prahec, Lussac, Champagne, Blois e Chisay.
·         Por seu casamento com Antoine de Bourbon, premier prince de sang ,  primeiro príncipe de sangue, na França:
·         Duquesa de Bourbon
·         Duquesa de Vendome (1550-1562)

·         Duquesa de Beaumont (1550-1562)

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