quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A tragédia da boate Kiss de Santa Maria, RS Parte I


A tragédia da boate Kiss de Santa Maria, RS
Parte I

 A tragédia da boate Kiss de Santa Maria, RS, me trouxe lembranças terríveis do incêndio do Gran Circus Norte-Americano, em Niterói, na década  de sessenta do século passado, já que o pátio e um dos galpões dos Armazéns Gerais São José - Filial Niterói, empresa de propriedade de meu pai e tios, foram colocados à disposição das autoridades da época para receber os caixões, pois o Velório do Cemitério do Maruí não comportava a demanda de tamanho número de corpos.
Nelson Miguel do Nascimento, um de nossos mais jovens e mais fiéis funcionários, jamais esqueceu o drama das famílias e teve, durante anos, pesadelos com o velório coletivo realizado em nossas instalações e eu, por via de consequência, também.
Em O GLOBO, na época - http://oglobo.globo.com - leu-se:
“Além do tratamento de queimados, o sepultamento de vítimas mobilizou dezenas de voluntários. Na semana seguinte ao incêndio, o estádio Caio Martins, em Icaraí, transformou-se numa grande carpintaria onde eram fabricados caixões. Profissionais de diferentes pontos do estado seguiram para Niterói, onde trabalharam como voluntários durante semanas. O Cemitério do Maruí, no Barreto, precisou ser ampliado, enquanto em São Gonçalo foi criado o Cemitério de São Miguel, para enterrar as vítimas do incêndio.
— Durante dias, a região próxima ao local do incêndio tinha um forte cheiro de carne queimada. Os enterros eram um seguido do outro — lembra Waldenir de Bragança, que mais tarde se tornou prefeito da cidade”.
Quem não viveu o momento pode, através dessas palavras da reportagem, imaginar o que foi a tragédia do Gran Circus Norte-Americano em Niterói.
Pode, também, imaginar que foi mais fácil para as autoridades colocar a culpa em um trapezista recém despedido e que em represália tocou fogo no circo, do que assumir a responsabilidade por terem permitido tal arapuca funcionar em condições precárias, o que levou à morte de mais de 500 pessoas, sendo que 70% delas eram crianças.
Nada foi apurado realmente, como deveria ser, e só as famílias das vítimas sofrem até hoje com os resultados daquele bárbaro incêndio.
Agora a história se repete.
Contudo os tempos são outros; naquela época o mundo não estava coligado pela Internet, as notícias custavam a chegar aos quatros cantos e não havia tanta tecnologia, por esses mesmos quatro cantos, para analisar as causas do incêndio, como existe hoje.
Entretanto eu creio que a principal causa, tanto naquele passado já longínquo, quanto hoje, seja a mesma, isto é, a corrupção nos órgãos públicos que permitem o funcionamento desses locais de espetáculos.
Não existe outra causa maior.
Os empresários gananciosos e inescrupulosos – e só por isso já deveriam ir para a cadeia - dão propinas às autoridades para obter as licenças, os alvarás de funcionamento -- não só dos locais, como também dos eventos que neles serão realizados.
UMA VERGONHA.
Agora vamos ver o que será feito, apesar de que eu, sinceramente, não tenho muita esperança de ver os verdadeiros culpados – a começar pelo prefeito de Santa Maria - responsabilizados por essas, até agora, 233 mortes de jovens compatriotas.
Entretanto, confio na Justiça Divina e por isso sei que, como Nelson Miguel do Nascimento e eu mesmo, os verdadeiros responsáveis também jamais poderão se esquecer dos fatos e viverão, eles sim, com sua culpa, por toda a Eternidade.
Meus sentimentos às família enlutadas.

Jorge Eduardo
servus Dei.   

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