AS CINCO SOLAS
A Bíblia para os católicos
Parte 2
servus Dei
11/06/2014
Hoje muitos católicos romanos afirmam que a Igreja
Católica Apostólica Romana nunca proibiu a leitura da Bíblia Sagrada, porem não
é verdade.
Não era de interesse da Hierarquia que os ensinamentos
bíblicos fossem difundidos e sim a Tradição, Doutrinas e Ensinamentos da Igreja
Católica, do Papa e Bispo de Roma, tanto para as Elites como para o povo
miserável que pululavam pela Europa.
Para a Igreja de Roma, agora ramificada na Europa, “não
era interessante que o povo lesse a Bíblia, simplesmente, porque mesmo uma
singela leitura da Bíblia iria colocar em relevo a falsidade doutrinária do
catolicismo romano com seus dogmas cada vez mais anti e extrabíblicos”.
“A solução então era não traduzir a Bíblia para o
vernáculo do povo, mantendo-a trancafiada em latim, monopolizada por uns poucos
padres agraciados que falavam essa língua”.
“Durante séculos foi um pecado mortal possuir e ler a
Bíblia no próprio idioma nativo da pessoa”.
Imperadores, Reis, Príncipes, Abades, Priores, Bispos, Senhores
Feudais, comungavam com esta postura, já que seus Poderes estavam
vinculados diretamente do Poder da
Igreja de Roma.
A Igreja de Roma considerava que as Heresias se baseavam
em traduções e interpretações das Sagradas Escrituras, da Bíblia, por isso elas
não eram autorizadas pela Igreja.
Foi Gregório VII – nascido Hildebrando- um Papa terrível
que pontificou de 30 de junho de 1073 ate 25 de Maio de 1085, foi quem proibiu
a leitura da Bíblia pela primeira vez.
Em finais do século XIII, o Papa Inocêncio III – nascido Lottario
dei Conti di Segni - escreveu ao Bispo de Metz que a leitura da Bíblia era perigosa para os simples e incultos.
“Essa peste (a Bíblia) assumiu tal extensão, que algumas
pessoas indicaram sacerdotes por si próprios, e mesmo alguns evangélicos que
distorcem e destruíram a verdade do evangelho e fizeram um evangelho para seus
próprios propósitos... elas sabem que a pregação e explanação da Bíblia são
absolutamente proibidas aos membros leigos” (“Acts of Inquisition, Philip Van
Limborch, History of the Inquisition”, cap. 08)
Seguiram-se proibições estipuladas nos Concílios :
1-
Toulouse, aportuguesado para Tolosa, França, em 1229, “ no escopo de suprimir a Heresia
Cátara foi terminantemente proibido o
uso da Bíblia pelos leigos”. A Heresia Catara ou catarismo foi um movimento
cristão de ascetismo extremo na Europa Ocidental entre os anos de 1100 e 1200.
“As principais manifestações do catarismo centralizavam-se na cidade de Albi,
motivo pelo qual seus adeptos também receberam o nome de "albigenses".
“Proibimos ainda que seja permitido aos
leigos possuir os livros do Velho e Novo Testamento, êxito o Saltério, ou o
Breviário para dizer o Ofício divino, ou as Horas da Bem-aventurada Virgem a
quem as desejar ter por devoção; porém proibimos estritamente que esses livros
sejam em língua vulgar” (Concílio de Tolosa, 1229, cap. 14)
2-
Tarragona,
Espanha, 1233;
3-
Oxford, Inglaterra,
1408;
4-
Mogúncia, Alemanha, 1485;
5-
Constança , Suíça, duração de 1414 ate 1418
, John Wycliffe (ou Wycliffe) , que em
sua condenação por decreto (expedido em 4 de maio de 1415) como Herético ou herege foi chamado pelas
autoridades da Igreja de Roma de “aquele pestilento , canalha, miserável que inventou uma nova tradução das Escrituras
na sua língua materna” por ter traduzido a Bíblia para o inglês. A famosa Bíblia de Wycliffe, como passou a ser
conhecida, foi amplamente distribuída por toda a Inglaterra.
O Papa Gregório IX, nascido Ugolino di Anagni , que
pontificou de 1227 ate 1241, decretou:
“Proibimos os leigos de possuírem o Velho e o
Novo Testamento... Proibimos ainda mais severamente que estes livros sejam
possuídos no vernáculo popular. As casas, os mais humildes lugares
de esconderijo, e mesmo os retiros subterrâneos de homens condenados
por possuírem as Escrituras devem ser inteiramente destruídos. Tais
homens devem ser perseguidos e caçados nas florestas e cavernas,
e qualquer que os abrigar será severamente punido” (Concil.
Tolosanum, Papa Gregório IX, Anno Chr. 1229, Canons 14:2)
O Romano Pontífice Pio VII, nascido Luigi Giorgio Barnaba
Chiaramonti , Papa de 14 de Março de 1800 até 20 de Agosto de 1823, inimigo figadal
de Napoleão Bonaparte, que por este General Vencedor foi
levado a Paris para assistir a Coroação Imperial em 2 de dezembro de 1804 , na Catedral de
Notre-Dame de Paris, que por este Imperador dos Franceses foi aprisionado em Savona e depois em
Fontainebleau, só podendo regressar a Roma em 1814, já que os Estados Papais foram restaurados pelo
Congresso de Viena, era absolutamente contrario a leitura da Bíblia traduzida
na língua nacional de cada país por parte do povo em geral.
Em sua carta “Magno et Acerbo”, de 3 de setembro de 1816,
Pio VII quando consultado sobre as Sociedades Bíblicas de Londres e de São Petersburgo,
Império Russo, atacou violentamente as traduções vernáculas da Bíblia, como
esta abaixo:
"Fomos superados com grande tristeza e amargo quando
soubemos que um plano pernicioso, de modo algum o primeiro, havia sido
realizada, em que os livros mais sagrados da Bíblia estão sendo espalhados por
toda parte, em toda a língua vernácula, com novas interpretações contrárias com
as regras saudáveis da Igreja, e são habilmente transformado em um sentido
distorcido. Pois, a partir de uma das versões deste tipo já apresentado a nós
percebemos que esse perigo existe contra a santidade da doutrina mais pura, de
modo que o poder fiel beber facilmente um veneno mortal daquelas fontes de onde
eles devem drenar "águas de economia de sabedoria" [Ecclus. 15:03]
....
Leão XII, nascido Conde Annibale Francesco Clemente
Melchiore Girolamo Nicola della Genga, que pontificou de 28 de setembro de 1823 ate 10 de Fevereiro
de 1829, falou :
“Não se vos oculta, Veneráveis
Irmãos, que certa Sociedade vulgarmente chamada bíblica percorre audazmente
todo o orbe e, desprezadas as tradições dos santos Padres, contra o
conhecidíssimo decreto do Concílio Tridentino [v. 786], juntando para isso as
suas forças e todos os meios, tenta que os Sagrados Livros se vertam, ou
melhor, se pervertam nas línguas vulgares de todas as nações” (Leão XII,
Encíclica Ubi primum de 5 de Maio de 1824).
O Pio IX, nascido Giovanni Maria Mastai-Ferretti, que
pontificou de 16 de Junho de 1846 ate 7 de Fevereiro de 1878, ou seja, 31 anos, sete meses e 17 dias, declarou que “a leitura da Bíblia é um veneno!” e mais:
1-
“A propagação da Bíblia é uma peste!” (Sillabus,
8-12-1864)
2-
E em sua Encíclica “Quanta Cura”, ele declarou
que as sociedades bíblicas eram pestes que deveriam ser destruídas por todos os
meios possíveis: “Socialismo, comunismo, sociedades clandestinas, sociedades
bíblicas... pestes estas devem ser destruídas através de todos os meios
possíveis” (Papa Pio IX, em sua Encíclica “Quanta Cura”, Título IV, 8 de
Dezembro de 1866);
"Nas regras que foram aprovadas pelos Padres designados
pelo Concílio Tridentino, aprovadas por Pio IV e antepostas ao Índice dos
livros proibidos, lê-se por sanção geral que não se deve permitir a leitura da
Bíblia publicada em língua vulgar” (Pio IX, Encíclica Inter praecipuas, 16 de
Maio de 1844).
Pio IX, também, “enviou ao mundo” a Encíclica Quanta Cura
(XXVII Encíclica deste Papa ) em 8 de
dezembro de1864, mas não satisfeito anexou a ela o Syllabus errorum, ( tradução
livre o “Sílabo dos Erros de Nossa Época”), um “documento contém oitenta
pontos, ou opiniões consideradas erradas pela autoridade da Igreja ”que condenava as ideologias do panteísmo,
naturalismo, racionalismo, indiferentismo, socialismo, comunismo,
franco-maçonaria, Igrejas dadas como
Cristãs a tentar explicar a bíblia ( no caso os protestantes) e vários
outras formas de liberalismo religioso tidos por incompatíveis com a religião
católica. ( grifo meu).
“Pio IX aboliu leis que forçavam os judeus a viver em
áreas específicas, os impediam de praticar certas profissões, e os obrigavam a
ouvir sermões quatro vezes por ano em tentativas de conversão. O Judaísmo e o
Catolicismo eram as únicas religiões permitidas por lei (o Protestantismo era
permitido aos estrangeiros mas não autorizado a italianos). Mesmo assim, o
testemunho de um judeu em tribunal contra um cristão era inadmissível aos olhos
da lei”.
Esse Papa “Em 29 de junho de 1869 publicou a Bula Aeterni
Patris com a qual convocou o Concílio Vaticano I, cuja cerimônia de abertura
contou com a presença de setecentos bispos no dia 8 de dezembro de 1869. Na quarta sessão solene do concílio, em
18 de julho de 1870, a Infalibilidade Papal foi declarada um Dogma de fé”.
Não preciso dizer mais nada sobre esse 255º Papa e Bispo
de Roma, pois não???
Papa Leão XIII , nascido Vincenzo Gioacchino Raffaele
Luigi Pecci , foi o 256 º Papa da Igreja Católica e Bispo de Roma, cardeal
Giuseppe Pecci e Conde Giovanni Battista Pecci, ‘enviou ao mundo’ a Encíclica Providentissimus
Deus que “ pela primeira vez aborda as questões da Bíblia e estudos bíblicos e
exegética”.
Reconhece o Papa Leão XIII que:
1- A
Escritura é divinamente inspirada;
2- A
integridade dos livros sagrados;
3- Escritura
esta ligada a pregação;
4- As
antigas escolas da Sagrada Escritura devem ser reativadas;
5- A
Escritura esta diretamente ligada a Teologia, pois é a alma desta.
O Papa Leão XIII põe ordem nos Estudos Bíblicos analisando
os opositores a eles e os erros cometidos pela Igreja Católica e como deve ser
a seleção de professores, a investigação e interpretação bíblica,
Defendendo os estudos bíblicos o Papa Leão XIII conclama
os católicos ao “engajamento na leitura da Bíblia e na divulgação das
Escrituras Sagradas” e dando-lhes uma benção especial o Romano Pontífice
termina sua Encíclica.
Papa Bento XV, nascido Giacomo Paolo Giovanni Battista
della Chiesa, 258 º Bispo de Roma e Papa da Igreja Católica, de famílias aristocratas de Genova e Nápoles a
serviço da Igreja, morreu de pneumonia.
Apesar de “ser contra os sionistas e seus projetos em
relação a Palestina “, ou seja, um Estado Judaico na Terra Santa, ‘enviou ao
mundo’ a Encíclica “Spiritus Paráclito”, em 15 de setembro de 1920, que afirmava a “a inspiração divina e não
sujeição a qualquer erro das Escrituras” e que é “preciso primeiro olhar para o
alimento que as Escrituras nos dá para
assim alimentar a nossa vida espiritual e clarear o caminho da perfeição em Cristo Jesus".
Lutou pelo “restabelecimento
da atividade missionária da Igreja no início do século XX” .
Em sua carta apostólica Maximum illud de 1919 , Bento XV falou
claramente que era necessário “ um novo impulso às missões, com uma orientação
clara para a comunicação do Evangelho” .
Por fim em 30 de
setembro de 1943, num Vaticano cercado por topas nazistas, em uma Roma
declarada città aperta - Roma, Cidade
Aberta – quando “comunistas e católicos unem-se para combater os alemães”,
corajosamente o 260º Papa e Bispo de Roma, Venerável Pio XII ‘enviou ao mundo’
a Encíclica Divino Afflante Spiritu , que foi considerada pelo Papa Emérito Bento XVI
no prefacio de seu livro Jesus de Nazaré a “ Encíclica que foi marco muito importante
para a exegese católica ".
Nesta Encíclica “Inspirado pelo Espírito Santo " Pio
XII pede que as novas traduções da
Bíblia sejam feitas das línguas originais, em vez de a Vulgata Latina de São
Jerônimo , falando claramente na Bíblia dos Hebreus, para assim ter novas traduções
em língua vernacular, “de modo a chegar a um conhecimento mais profundo e mais
completo do sentido dos textos sagrados. Ele afirmou que “temos de explicar o
texto original, que foi escrito pelo autor inspirado e tem mais autoridade e maior peso
do que qualquer, mesmo a melhor, tradução
antiga ou moderna. Isso pode ser feito tanto mais fácil e proveitosamente se o
conhecimento de línguas forem unidas a uma habilidade real na crítica literária
do mesmo texto”.
“Desde então, traduções católicas da Bíblia têm sido
baseados diretamente sobre os textos encontrados em manuscritos nas línguas
originais, tendo em conta também as traduções antigas que parecem ser erros de
transcrição desses manuscritos, embora a Vulgata Latina continue a ser a Bíblia
no rito latino da Igreja Católica”.
“Segundo o Papa Bento XVI, depois das Sagradas
Escrituras, o Papa Pio XII é o autor ou fonte autorizada mais citada nos
documentos do Concílio Vaticano II (1962-1965). Bento XVI considera que não é
possível entender o Concílio Vaticano II sem levar em conta o magistério de Pio
XII. (…) A herança do magistério de Pio XII foi recolhida pelo Concílio
Vaticano II e proposta às gerações cristãs posteriores ”.
“Nas intervenções orais e escritas se encontram mais de
mil referências ao magistério de Pio XII e o seu nome aparece mencionado em
mais de duzentas notas explicativas dos documentos do Concílio, estas notas com
frequência constituem autênticas partes integrantes dos textos conciliares; não
só oferecem justificativas de apoio para o que afirma o texto, mas também
oferecem uma chave de interpretação, disse o Papa Bento XVI no discurso que dirigiu
aos participantes do congresso sobre "A herança do magistério de Pio XII e
o Concílio Vaticano II", promovido pelas universidades pontifícias
Gregoriana e Lateranense, no 50.º aniversário da morte de Pio XII (2008)”.
“ Como por exemplo, os conceitos e as ideias expressas na
encíclica Mystici Corporis Christi, do Papa Pio XII, influenciaram fortemente a
redação da constituição dogmática Lumen Gentium, que trata da natureza e da
constituição da Igreja. Este documento do Concílio Vaticano II usou e defendeu
o conceito de Igreja expresso nesta encíclica (a Igreja como Corpo místico de
Cristo), que era baseado na teologia de São Paulo”.
“Papa Pio XII (em italiano: Pio XII, em latim: Pius PP.
XII; O.P., nascido Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli; Roma, 2 de Março de
1876 — Castelgandolfo, 9 de Outubro de 1958) foi eleito Papa no dia 2 de março
de 1939 até a data da sua morte. Foi o primeiro Papa Romano desde 1724 e para
mim é um “ Herói da Fé”.
Enquanto isso entre os protestantes...
“As Cinco Solas sintetizam os credos teológicos básicos
dos Reformadores, pilares os quais creram ser essenciais da vida e prática
cristã” .
Continua...
Terminado em 17/06/2014
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