Bíblia X Moral Vitoriana.
“Por mais mistério
que você faça no final as pessoas sempre descobrem quem realmente você é”.
Lord Henry Wotton
Enviei para um jovem amigo do Facebook como presente de Natal um exemplar da “ Bíblia na Linguagem de Hoje”
e o livro O Retrato de Dorian Gray (no
original em inglês, The Picture of Dorian Gray) romance publicado por Oscar Wilde,
considerado um dos grandes escritores do
século XIX.
Enviei por quê?
I – A Bíblia porque considero mais fácil para
doutrinação, portanto para o entendimento, a versão da “Linguagem de Hoje” e o
jovem amigo do Facebook quer ler sobre o Apocalipse, além do que é na Bíblia
que encontramos nosso condigo de conduta, nossa ética, nossa moral;
II – O jovem amigo do Facebook é um apaixonado pela
Inglaterra e por isso tem que conhecer a base da sociedade inglesa, base esta
que foi sedimentada pela Elite Vitoriana.
Como sabemos foi a Eliete Vitoriana que construiu o
Império Britânico, e em sendo assim ele passará a entender o verdadeiro
“Espirito da Old Albion”, afinal dela “um Canal Separa O Mundo” como nos revela
Caio de Freitas.
O Retrato de Dorian Gray
é um “romance, de forte cariz estético, conta a história fictícia de um
homem belo jovem chamado Dorian Gray na Inglaterra aristocrática e hedonista do
século XIX, que torna-se modelo para uma pintura do artista Basil Hallward”.
Outro personagem importante do romance é “Lord Henry
Wotton, um aristocrata cínico e hedonista típico da época e grande amigo de
Basil, conhece Dorian e o seduz para sua visão de mundo, onde o único propósito
que vale a pena ser perseguido é o da beleza e do prazer: No entanto, segundo
Henry, a beleza é efêmera”.
A certa altura o Lord revela a Dorian “ que quando a
mocidade passar, a sua beleza ir-se-á com ela; então o senhor descobrirá que já
não o aguardam triunfos, ou que só lhe restam as vitórias medíocres que a
recordação do passado tornará mais amargas que destroçadas".
“Dorian é um jovem que se envaidece de si mesmo, que se
torna amante de si mesmo e ao ver-se em seu retrato finalmente pronto,
exaspera-se” e diz olhando o quadro:
"Eu irei ficando velho, feio, horrível. Mas este
retrato se conservará eternamente jovem. Nele, nunca serei mais idoso do que
neste dia de junho... Se fosse o contrário! Se eu pudesse ser sempre moço, se o
quadro envelhecesse!... Por isso, por esse milagre eu daria tudo! Sim, não há
no mundo o que eu não estivesse pronto a dar em troca. Daria até a alma!".
Com isso, com este pacto, por ter vendido sua alma, “não
há redenção naquele jovem, mesmo quando acaba por querer mudar de vida, já que
o faz pelo fato novidade, pelo amor ao novo, à arte de viver...”.
Sabemos que o hedonismo (do grego hedonê,
"prazer", "vontade") é uma doutrina filosófico-moral que
afirma que o supremo bem da vida humana é o Prazer, e que numa concepção mais
ampla de Prazer se entende a Felicidade
para o maior número de pessoas.
Neste contexto a Felicidade é uma enorme alegria, um
contentamento incontido, um entusiasmo sem fim, uma grande jovialidade, não
levando em conta as agruras da vida.
Enfim:
O livro é um dos clássicos modernos da Literatura
Ocidental e é considerado como um dos mais fiéis retratos da famosa “Moral
Vitoriana”.
Na época de sua publicação gerou uma grande polêmica, já
que se tornou “símbolo da juventude intelectual "decadente" da época
e de suas críticas à cultura vitoriana” e por seu conteúdo ter sido considerado
por parte da critica inglesa como homoerótico, esquecendo-se os críticos que
nada mais homoerótico do que a educação da Classe Dominante Britânica ate os
nossos dias, aos dias de hoje.
Sabedor disto Oscar Wilde escreveu no prefácio:
"Não existe livro moral ou amoral. Os livros são bem
ou mal escritos. Eis tudo”.
Concluo:
Não me arrependo em ter dado de presente de Natal ao meu
jovem amigo do Facebook estes dois livros mais do que famosos, os mais lidos no
planeta, pois um serve de antídoto para o outro, nesta luta da moral cristã
contra a moral vitoriana hedonista e homoerótica.